Tenho 45 anos, fiz bariátrica há 14 anos e tive reganho de peso.
“Há exatamente um ano procurei um médico especializado no Plasma de Argônio E estava decidida a fazer o procedimento.
Sentia-me triste, desmotivada, gorda, feia, desinteressante. Um caco. Feitos os exames preliminares e realizada a segunda consulta, saí de lá com a seguinte prescrição: terapia, nutricionista e atividade física. Chorei. Senti muita raiva, pois o plasma seria a solução perfeita para meus problemas e o que o médico havia sugerido parecia impossível de cumprir, de tão descrente que eu estava.A contragosto fiz o que ele pediu. Matriculei-me na natação, fui à nutricionista e voltei à terapia (sim, voltei, pois por muito tempo depois da bariátrica já havia feito terapia, mas havia parado). Aí entra a psicóloga Gabriella Ciardullo, tão amável, competente e com quem aprendi tanto. No começo eu achei que não tinha muito que conversar. Na verdade, eu estava com muita raiva, pois queria emagrecer rapidamente e ter meu corpo magro novamente.No entanto, a questão era mais complexa do que eu imaginava.
Percebi que de nada teria adiantado fazer o procedimento se o que me levou ao reganho estava ali latente, nas minhas veias, na minha mente, no meu coração, me atormentando e nunca realmente havia sido tratado com carinho. Com o tempo, percebi que, se eu não cuidasse de algumas questões internas, o reganho depois do plasma seria apenas questão de meses, assim como foi o reganho paulatino após a bariátrica. Seria dinheiro jogado fora.
Durante a terapia, com ajuda da Gabi, vi que minhas compulsões (que aparecem em épocas diferentes em minha vida, não todas ao mesmo tempo) de comer, de beber, de fumar, de gastar, de dirigir enlouquecidamente, de comer doces, apareciam do nada, provocadas por algum gatilho e não me permitiam ter uma vida saudável, plena e em paz. De que adiantaria ter uma anastomose estreita se eu bebia constantemente ou se eu comia pequenos nacos de doces ou petiscos o dia inteiro? Percebi que entender e aceitar essa minha condição doeu mais do que não poder fazer o procedimento, pois a mudança teria de vir de dentro e não, pela segunda vez, de fora.
E a mudança veio. Aos poucos. Às vezes, dolorosamente. Mas, para minha felicidade, veio.
A terapia me ajudou a mudar o foco, a me aproximar mais da minha família, a curtir os momentos de união sem me apoiar na bebida, a perceber que eu posso ser feliz com o corpo que eu tenho, não dentro de um padrão imposto pela sociedade e que não precisa ser seguido por mim, mas de forma consciente, comendo melhor, fazendo escolhas saudáveis e praticando uma atividade física prazerosa de que eu goste (hoje faço Crossfit e amo).
A terapia me ajudou a perceber os gatilhos que me levam a ter atitudes compulsivas, fazendo com que eu, se não as controle, tenha consciência de que estou agindo compulsivamente, respire fundo e tome o controle da situação.
A terapia me ajudou a me conhecer melhor e a melhorar como pessoa, sarando feridas que pensei não existirem.
No final das contas, a terapia foi meu plasma de argônio, pois fez diminuir minha ansiedade, meu estresse, minha busca pelo corpo perfeito, pois eu posso ser feliz de dentro para fora e não terceirizando meu emagrecimento.
Emagreci, estou saudável e em paz comigo. Mais leve em todos os sentidos.
O controle, agora, está nas minhas mãos.
Obrigada por me acompanhar nesta jornada de descobertas, Gabi. Seu apoio foi primordial.
Adoro você, linda.
Meus agradecimentos também a Andreia, que sempre me atendeu com uma cordialidade e uma presteza inigualáveis.”